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sábado, 21 de novembro de 2009



É comum a praticamente todo brasileiro indignar-se, quase que diariamente, com a enxurrada de escândalos de ordem política, ética e moral pelos quais somos bombardeados através da mídia frequentemente. Fatos como esses estão se tornando tão corriqueiros que a maioria das pessoas sequer acredita na possiblidade de alguma mudança e simplesmente decide aceitar tudo de maneira passiva.

Fiquei me perguntando ao longo dessa semana o porquê de tudo isso e, na quarta-feira, durante um debate sobre Cultura de Massa e Indústria Cultural na faculdade, eu obtive algumas respostas.

Confesso que fiquei impressionado com a falta de desenvoltura e "bagagem" de alguns alunos (atentem: universitários) ao desenrolar suas opiniões acerca de assuntos tão triviais como os que tavam sendo abordados. Culpa-se, então, a Cultura de Massa.

Ok, vamos lá. Estudiosos do ramo da Comunicação afirmam que a Cultura de Massa é um fenômeno que proporciona informação de maneira homogênea e serial para uma sociedade "sem rosto", de gostos comuns e conhecimento superficial das coisas. Ela baseia-se no princípio de que a informação deve ser democratizada e chegar a todos os setores da sociedade de maneira uniforme, de modo a fazer com que a cultura não seja privilégio de um determinado grupo. É a Cultura de Massa que faz com que você veja uma réplica de uma Obra de Picasso na sala de espera do seu dentista, ou ouça um ringtone de uma obra de Mozart, por exemplo. Obviamente, ela nos proporciona um conhecimento raso, pobre em contéudo e, consequentemente, forma indivíduos alienados. Concordo com tudo isso, afinal é ciência, está provado.

Porém, eu como Publicitário, não posso me dar ao luxo de cuspir no prato que como. Para fazer com que as minhas campanhas cheguem até vocês, preciso me utilizar dos meios de Comunicação de Massa. A propósito, consumo produtos advindos da Cultura de Massa desde pequeno. Ouço CDs das bandas do momento das rádios, vejo TV regularmente, assisto aos lançamentos de Hollywood, compro os tênis da moda e nem por isso me considero um indivíduo acrítico e alienado. E agora? Será que o problema está mesmo no consumo de Cultura de Massa?

Falar que o segredo está na educação é chover no molhado, mas a escola é sim (ou deveria ser) o espaço ideal para a formação de indivíduos de senso crítico apurado, com capacidades intelectuais desenvolvidas, com o poder de transformar informação em formação. É a escola que nos proporciona a oportunidade de discutir, debater e rebater a ideologia dominante e criar contra-ideologias. Embora durante muito tempo a escola tenha sido um instrumento silencioso e eficiente de influência a serviço do Estado, penso que a nossa geração é capaz de quebrar certos paradigmas. Como se sabe, as nações mais bem sucedidas atualmente são aquelas que, nos momentos de crise, optaram por investir em "capital humano", ou seja, no potencial intelectual de sua população.

Abominar a Cultura de Massa? Não creio que seja o caminho. Julien Greimas, linguista lituano, afirma que só somos capazes de compreender as mensagens que nos são enviadas devido a uma característica chamada Imanência. Trocando em miúdos, esta seria a nossa capacidade de discernir o significado das coisas através dos seus opostos. Só sabemos o que é claro porque conhecemos o escuro. Só entendemos o que é alto porque temos a noção de baixo e assim por diante. É necessário que tenhamos conhecimento sobre Cultura de Massa para que isso desperte nosso interesse pela Cultura Erudita. Ou para que pelo menos tracemos paralelo entre elas.

Fazendo uso de todas essas ferramentas, quem sabe um dia nós deixemos de apenas ficar perplexos diante da TV e dos jornais e passemos a propor soluções práticas para tudo aquilo que nos causa indignação.