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Questão de vida ou morte

domingo, 13 de dezembro de 2009


Há alguns dias, acordei com a notícia da morte da atriz Leila Lopes. É , eu sei que já não é um assunto muito recente, ainda mais agora, na Era da Internet, onde as informações circulam numa velocidade impressionante. Mas achei válido tocar no assunto, dadas as circunstâncias do ocorrido.
Leila foi encontrada morta em seu apartamento, provavelmente por ter ingerido veneno, após ter deixado cartas aos seus familiares e amigos e uma boa quantia em dinheiro para as suas despesas funerárias. Em uma dessas cartas, a atriz se dizia muito feliz e realizada (notamos, Leila), porém cansada de sua rotina de compromissos profissionais, contas, academia e preocupações. Ela queria o seu tão sonhado encontro com Deus. Pois é, suicidou-se.
Agora vamos por partes: feliz e realizada? Eu, particularmente, não entendo porque alguém em estado de "felicidade plena" opta por tirar a própria vida. Não cabe nem a mim, nem a ninguém julgar, mas penso que o sentido da vida mora na busca pela felicidade e não no ato de alcançá-la. Vejo a realização de nossas metas como uma recompensa pelos nossos esforços e a abertura de uma nova porta para concretização de novos planos. Por isso, o argumento de que "ela já estava no auge, não poderia querer mais nada" não cola. Chegar ao topo é uma chance que nos é dada de enxergar as coisas por uma nova perspectiva e se reposicionar diante da vida. Interromper o curso natural dos acontecimentos é um ato de fraqueza, covardia e egoísmo, para não chamar de injustiça. Injustiça com aqueles que nos amam, nos admiram e torcem pelo nosso sucesso.
Nesse momento, paro pra pensar nas pessoas nas UTIs dos hospitais, nas sessões de hemodiálise, quimioterapia, radioterapia. Pessoas em suas cadeiras de rodas, apoiadas em suas muletas, inválidas, doentes. Todas lutando pela própria vida, movidas pelo desejo de continuar, realizar, empreender, compartilhar. Não é um sofrimento solitário, é a cruz de familiares, amigos, conhecidos. Viver é um dom.

Você vai me desculpar, Leila Lopes, mas essas pessoas sim, merecem o meu respeito.

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Para um olhar comum, o que acho pode parecer pessimismo, e de fato o é, mas não este que estamos acostumados a ver repudiados em livros de auto-ajuda que buscam unir todos os seres humanos, com suas particularidades e anseios próprios, num conceito absoluto; às vezes até como se o mundo fosse uma espécie de curral, e a outra vida os pastos do lado de fora. Este meu pessimismo trata, antes de tudo, de julgar uma decisão extrema como um fato social, algo feito não pela natureza humana, mas pelo pensamento coletivo, pela moral construída, pelo contrato social que nem sempre respeita os dissabores da verdade. Dessa forma, entra aqui a questão que o Digo levantou: tirar a própria vida (que eufêmico) é um ato de coragem ou covardia? Como ele mesmo deixou claro, prefere a segunda opção.

Mas vejamos, se todas as pessoas são diferentes, têm pontos de vistas diferentes, é que fato algumas podem simplesmente desconhecer ou ignorar esse valor que é dado à vida. Por isso, seriam elas piores ou melhores?

Particularmente, por não crer no “depois da morte”, manejo este conceito “vida” algumas vezes com certo desprezo. Mas por querer bem aos meus filhos que virão e aos amigos que ficarão, por saber que de uma forma ou de outra aqui ficarei para perpetuar, nem que seja de forma fragmentada, meu aprendizado, isto sim me parece bom o suficiente para continuar vivendo e aprendendo. É um paradoxo que poucos entendem, mas que muitos alimentam. Portanto, sabendo ser eu um ser único em corpo e espírito, não posso ser egoísta em pensar que todos deveriam concordar comigo em qualquer coisa, quanto mais em achar que a felicidade e realização que alguém aparenta ter são, de fato, reais. Se o são, só quem poderá dizer é este alguém.

Vendo o suicídio como fato social, está claro, eu acabo fazendo uma espécie de mea culpa torta por todos nós, pois pergunto: se é o instinto de sobrevivência a primeira de todas as características humanas, o que leva alguém a negá-lo senão a idéia de que talvez a vida não valha tanto assim? Ou, em melhores palavras, se fôssemos seres sozinhos no mundo, se nunca tivéssemos conhecido ninguém, teríamos algum motivos para o suicídio? Pensem nisso.

Eu acompanhei essa história da Leila Lopes. Bem mais do que ela mesma merecia ser acompanhada, diga-se. Mas devo dizer que em momento algum me senti tocado pela sua decisão. Antes de sermos artistas, ou médicos, advogados, políticos, somos todos outra coisa, uma forma limpa e natural, somos "o bom selvagem", felizes e satisfeitos com tudo, pois nem sequer questionamos o valor da vida. Portanto, sentir pena ou raiva desta moça seria, enfim, admitir o meu fracasso. Seria sentir pena e raiva de mim.

13 de dezembro de 2009 às 13:46